ginecologia
A Consulta Ginecológica para a População LGBTQIA+: A Importância da Acolhimento, Inclusão e Cuidados Específicos
O atendimento ginecológico da população LGBTQIA+ exige cuidados personalizados, considerando identidade de gênero, práticas sexuais e tratamentos hormonais. Cada paciente tem necessidades únicas, e a abordagem deve ser inclusiva e respeitosa.
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A saúde ginecológica é um tema de grande relevância para todos, mas, ao falar sobre esse tema no contexto da população LGBTQIA+, é importante considerar não apenas as especificidades fisiológicas, mas também as questões emocionais e sociais que influenciam a saúde de pessoas que pertencem a essa comunidade. O atendimento ginecológico de pessoas LGBTQIA+ exige um olhar atento, inclusivo e empático, de modo que o consultório se torne um espaço seguro, onde o cuidado de saúde não seja apenas físico, mas também acolhedor e respeitador da identidade de cada indivíduo.
A Diversidade da População LGBTQIA+ e Suas Necessidades
O termo "LGBTQIA+" engloba uma variedade de identidades de gênero e orientações sexuais: lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexos, assexuais, além de outras que não se encaixam perfeitamente em categorias binárias ou tradicionais. Isso significa que os profissionais de saúde devem estar preparados para lidar com uma vasta gama de experiências, que vão além da sexualidade e da identidade de gênero, considerando também os aspectos emocionais, culturais e sociais de cada indivíduo.
Na prática ginecológica, é fundamental compreender que a população LGBTQIA+ não é homogênea. As necessidades de uma mulher cisgênero lésbica podem ser muito diferentes das de uma mulher trans ou de uma pessoa não-binária, por exemplo. Portanto, o atendimento precisa ser personalizado e sensível às particularidades de cada paciente.
A Acolhida no Consultório Ginecológico: A Primeira Etapa de Cuidado
Uma das maiores barreiras enfrentadas pela população LGBTQIA+ na busca por atendimento médico é a falta de acolhimento e compreensão por parte dos profissionais de saúde. Muitas vezes, as pessoas LGBTQIA+ se sentem desconfortáveis ou até mesmo desrespeitadas ao buscar serviços médicos, devido a atitudes preconceituosas, estigmatização ou falta de conhecimento sobre questões de gênero e sexualidade.
Por isso, a primeira etapa do atendimento ginecológico é a criação de um ambiente seguro e acolhedor. O consultório deve ser um local onde a paciente se sinta confortável para expressar suas dúvidas e preocupações sem medo de julgamentos. Isso começa com a forma como a consulta é conduzida. O profissional deve evitar suposições sobre a identidade de gênero ou a sexualidade da pessoa, fazendo perguntas abertas e respeitosas, sem pressa de rotular ou enquadrar em estereótipos.
Uma prática simples, mas fundamental, é perguntar à paciente como ela prefere ser chamada, respeitando pronomes e nomes que a pessoa escolha para si. A demonstração de respeito e atenção às preferências individuais da paciente é uma forma eficaz de estabelecer um vínculo de confiança.
A Identidade de Gênero e o Atendimento Ginecológico
Em relação à identidade de gênero, é importante que os ginecologistas compreendam as necessidades específicas de pacientes transgêneros e não-binários. As pessoas transgêneras, que possuem um gênero que não corresponde ao sexo atribuído ao nascimento, podem enfrentar desafios significativos ao buscar cuidados de saúde. Muitas vezes, se deparam com profissionais de saúde mal informados ou até mesmo preconceituosos, que não estão preparados para atender adequadamente suas necessidades.
Para a população trans, por exemplo, o uso de hormônios pode afetar a saúde ginecológica, exigindo acompanhamento regular para monitorar aspectos como a função ovariana e a saúde do útero. Além disso, o rastreamento de câncer ginecológico, como o câncer de colo do útero, deve ser feito de forma individualizada, levando em consideração as alterações hormonais provocadas pela terapia de reposição hormonal.
Já as pessoas não-binárias, que não se identificam exclusivamente como homens ou mulheres, podem ter suas necessidades ginecológicas específicas. A avaliação da necessidade de exames preventivos, como o Papanicolau, deve ser feita com base na anatomia e nas práticas sexuais da pessoa, e não em sua identidade de gênero. A abordagem deve ser flexível e adaptada à realidade de cada paciente.
Sexualidade e Saúde Ginecológica
A sexualidade é outro fator relevante no atendimento ginecológico de pacientes LGBTQIA+. A forma como a pessoa vivencia sua sexualidade pode influenciar a saúde sexual e reprodutiva, além de ser um elemento importante para a prática médica. Em relação às mulheres lésbicas e bissexuais, é fundamental que o profissional de saúde compreenda que, mesmo em casais do mesmo sexo, pode haver a necessidade de cuidados ginecológicos preventivos, como exames de rotina e a busca por prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
Vale ressaltar que, embora a percepção comum sugira que pessoas lésbicas ou bissexuais têm menor risco de contrair DSTs, elas também estão expostas a esse risco, especialmente através do contato com fluidos vaginais e outros fluidos corporais. Portanto, a oferta de exames preventivos e o incentivo ao uso de métodos de proteção são fundamentais para todas as pessoas sexualmente ativas, independentemente de sua orientação sexual.
E então doutora, na prática o que deve ser feito?
Pessoas com colo do útero devem realizar coleta de citopatológico do colo uterino conforme idade e início da vida sexual.
A mamografia deve seguir a recomendação da SBM.
O rastreamento de ISTs deve ser encorajado.
O aconselhamento de prevenção de ISTs deve ser sempre realizado, ainda que a atividade sexual não inclua atividade penetrativa (lembrem-se: sexo oral, masturbação, sexo anal também transmitem ISTs).
Pessoas que possuem útero devem receber a orientação de anticoncepção caso haja atividade sexual com pênis, independentemente de estarem em processo de hormonização ou não.
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